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América Latina progressista

Estamos prontos para o progresso?

08/09/2022 às 9:52


Ganhou a imprensa mundial e viralizou em redes sociais a imagem de um Superhomem de quatro anos dando voltas de bicicleta ao redor de Gabriel Boric no último domingo, 4 de setembro.

Justo o dia do plebiscito que consultou os chilenos sobre uma nova Constituição, muito mais à esquerda do que atual, e que terminou com um resultado contundente: 62% dizendo que no, gracias, não a querem.

Em sua terra, Punta Arenas, o presidente do Chile – 36 anos, ex-deputado independente, ex-líder estudantil, pele boa, tatuagens no braço – fazia diante de câmeras um pronunciamento ao vivo depois de votar, enquanto o mini-herói, chamado Ignacio, roubava a cena.

Boric não se abalou. Urnas ainda abertas, seguiu firme pedindo votos em prol da nova carta progressista: “Esse é um momento histórico que ficará em nossa memória". Registrado ficou que Ignacio é uma graça e não, não é filho de Boric. Está sob os cuidados de Maria Soledad Font Aguillera, mãe do presidente, que o adotou dentro do Servicio Nacional de Menores.

Não deixa de ser uma imagem bastante progressista, a de uma criança brincando ao redor de um presidente (homem, diga-se de passagem) durante um pronunciamento oficial. A questão é: estamos prontos para o progresso? Não o material, que ninguém rejeita, à direita ou à esquerda, mas o social, o cultural, o de costumes...

Tudo indica que não. Nem no Chile, ainda verde para os sonhos de sua própria Constituinte, nem o Brasil, onde mais de 30% ainda preferem votar em Bolsonaro. De fato, em lugar algum desta América Latina – onde muito tem que mudar, mas onde nada mudará a fórceps. Precisamos de tempo e de contínuo esforço, como qualquer lugar do mundo. Talvez de um que outro super-herói, é verdade.