Eleições venezuelanas X A Venezuela inteira
Acompanhar as notícias? Claro, mas conhecer também
01/08/2024 às 11:23A situação da Venezuela é terrível hoje. Nos últimos anos, muitos, muitos cidadãos venezuelanos tiveram de deixar suas casas. Cerca de 7,8 milhões de pessoas num país que mal chega a 30 milhões. E a evidência disso pra quem não está na Venezuela é a crise migratória que esse deslocamento provocou na América Latina inteiro. Para quem está dentro: a conta de presos políticos do regime Maduro está em 15 mil, isso desde 2013, segundo a ONG Foro Penal.
Maduro tem cara, focinho, modos de ditador... e de fato é um. A Venezuela hoje é, sim, uma ditadura militar, ao contrário do que o governo brasileiro diz acreditar.
Aqui no Brasil, pra conhecer melhor a realidade do vizinho e de toda a região, o esforço agora é nosso – pra cada coisa ruim, devemos buscar ao menos uma boa. Porque, do contrário, essa ideia enraizada no Brasil de que América Latina é sinônimo de crise e perrengue não vai mudar. “E se não mudar?”. Bom, quem perde somos nós – eu, você... que não vamos aproveitar o bom que a vizinhança tem a oferecer.
Por isso, estou aqui pra oferecer não uma coisa boa sobre a Venezuela, mas três. Três dicas culturais pra você ir atrás e, enquanto acompanha o noticiário, já que é uma pessoa antenada e inteligente, desfrutar de cultura de qualidade também.
Primeiro, pra acompanhar as notícias (jamais proporia que alguém seja alineado):
_Podcast “Autoritários”, da Folha de S.Paulo, de @analuizaalbuq
_Livro “Mãe Pátria”, de Paula Ramón (ed. Companhia das Letras)
_Reportagem do @canalmeio deste sábado, 28/07, por @sylviacolombo
E as dicas culturais:
_Filme “Pelo malo”, de Mariana Rondón, na @amazonprime.
_Arepa! Aprenda uma receita ou saia à caça de uma, não há de ser difícil.
_O poema “Azul”, de Cruz Salmerón Acosta (declamado no vídeo e em texto abaixo).
Azul de aquella cumbre tan lejana
hacia la cual mi pensamiento vuela
bajo la paz azul de la mañana,
¡color que tantas cosas me revela!
Azul que del azul del cielo emana,
y azul de este gran mar que me consuela,
mientras diviso en él la ilusión vana
de la visión del ala de una vela.
Azul de los paisajes abrileños,
triste azul de mis líricos ensueños,
que me calma los íntimos hastíos.
Sólo me angustias cuando sufro antojos
de besar el azul de aquellos ojos
que nunca más contemplarán los míos.